Na minha infância não tinha tantos brinquedos como as
crianças de hoje e, por isso, tinha que usar mais a criatividade para criá-los.
Usavam tocos de madeira, pedrinhas, legumes e palitos
para fazer animais, além de brincadeiras como amarelinha, cinco Marias, bolinha
de gude, cantigas de roda, passa anel, roda pião, empinar pipa, dentre várias
outras e, assim, se divertiram por décadas e décadas.
As
boas vivências que a criança compartilhar com seus familiares a partir de então
vão moldando o seu desenvolvimento. Inicia-se nesta fase o aprendizado das
regras de convivência: o que pode e o que não pode, o que é seu e o que é do
outro, entenderá que tem sua oportunidade para falar e deve respeitar quando
outro o faz, e assim por diante. É um longo processo que parte das situações
mais elementares para as mais complexas. No decorrer deste processo, a criança
percebe a necessidade de aprender a cuidar-se e, então, fazer as coisas por
conta própria. Inicia-se a percepção de que seus desejos nem sempre serão atendidos;
que muitas vezes terá que tolerar o fato de não ser atendido ou de não
conseguir o que pretende - mesmo que esteja tentando por suas próprias
iniciativas.
Nestas
oportunidades, a criança estará lidando com seus sentimentos de frustrações,
inicialmente desagradáveis, mas muitas vezes úteis e de grande importância para
seu desenvolvimento emocional. Ela deverá contar sempre, e principalmente, com
a disponibilidade de seus pais, para juntos facilitarem esta caminhada de
crescimento emocional.
Por
outro lado, quando este processo ocorre de modo inadequado pela não atuação e
participação dos pais, a criança não consegue estruturar as melhores condições
para lidar com as suas emoções. Poderá se tornar pouco habilidosa para
administrar as adversidades naturais do dia a dia, desenvolvendo uma baixa
tolerância à frustração, além de comportamentos desviantes e que irão
prejudicá-la no seu desempenho como ser social. Isso não favorece ajustes nos
seus relacionamentos futuros e gera sensíveis prejuízos no seu desempenho como
pessoa.
O
desenvolvimento cognitivo da criança é resultado de sua interação com o meio e
à medida que ela se desenvolve biologicamente, as estruturas mentais, esquemas
de ação cognitiva, permitem uma construção e reconstrução do conceito adquirido
do objeto de interação.
Nessa perspectiva, citamos a abordagem sócio
interacionista, que entende o desenvolvimento intelectual da criança
intrinsecamente ligado às interações com o seu meio social. Vygotski (2002)
aponta a família como o primeiro grupo social que a criança pertence e é na
família que ela adquire a linguagem, condição básica para o processo de
socialização e aquisição de cultura.
Com efeito, a aquisição de conceitos, valores,
linguagem e o próprio conhecimento são produzidos pelo processo de
internalização de materiais simbólicos na criança que ocorrem a partir de suas
interações sociais. Este é um processo que se constrói de fora para dentro,
mediados pelas relações intra e interpessoais – na troca com outros sujeitos e
consigo próprio – que vão se constituindo em significados, orientando a
compreensão de papéis e funções sociais, o que permite a formação de
conhecimentos e da própria consciência na criança (VYGOTSKI, 2002).
meta content='10; ' http-equiv='refresh'/
Nenhum comentário:
Postar um comentário